Pela Constituição<br>e pelos valores de Abril
A intensa acção de esclarecimento e mobilização levada a cabo pela sua candidatura, sempre centrada nas preocupações dos trabalhadores e do povo, começou por ser o tema de abertura da intervenção de Edgar Silva, que disse sentir a cada dia que passa um crescente apoio, «uma dinâmica e uma energia que aumenta», uma «força material que se movimenta, cresce e agiganta».
Por si sublinhada foi também a «natureza distintiva» da sua candidatura, bem como os seus «factores diferenciadores», diferença que considerou «alicerçada não em palavras mas num percurso provado de proposta, soluções, intervenção e luta».
Diferença essa, realçou ainda, testemunhada na sua «identificação com os problemas reais do País e dos portugueses» e baseada «não em frases de ocasião mas num projecto coerente e na dimensão dos eixos essenciais que comporta».
Foram esses eixos que detalhou na sua intervenção (ver em baixo), apresentando-os não apenas como elementos distintivos da sua candidatura mas também como quesitos essenciais ao que entende deve ser o exercício digno da função presidencial.
Ciente de que a sua candidatura é a que garante o «contributo mais válido e coerente» para a derrota do candidato do PSD e do CDS, Edgar Silva lembrou que em «Democracia, o voto é do Povo» e é «ao Povo que cabe eleger, e não à vontade de algumas televisões ou comentadores políticos».
Afirmou por isso que «será o povo português a eleger o próximo Presidente da República», apelando a «que ninguém diga que esse voto, o seu voto, não conta».
«Que ninguém deixe nas mãos dos outros o que pelas suas mãos pode e deve ser assegurado nesta batalha de enorme importância», insistiu, convicto de que «com o voto de cada um e o voto de todos» será dada mais força à sua candidatura, e, nessa medida, tornado «mais próximo o objectivo de assegurar o respeito pela Constituição e pelos valores de Abril».
«O meu compromisso, enquanto candidato à Presidência da República, é garantir que cumprirei e farei cumprir a Constituição da República e, simultaneamente, terei uma intervenção política e institucional activa», afirmou Edgar Silva, que entende que o PR deve ter um «papel determinante na percepção pública de aspectos essenciais da evolução da situação política e saber usar os poderes de influência e decisão que lhe são constitucionalmente conferidos».
Assumido pela sua candidatura foi ainda a «exigência de uma profunda ruptura e viragem em relação às orientações políticas» impostas ao País ao longo de 39 anos, particularmente nos últimos quatro.
A preencher o corpo final da intervenção de Edgar Silva esteve o apelo ao esclarecimento, à acção de contacto e à «mobilização para a ida ao voto», com a confiança de que será atingido o «objectivo de contribuir para a derrota do candidato de Passos Coelho e Paulo Portas».
«Aos trabalhadores e ao povo daqui dirijo um apelo à reflexão de todos e de cada um sobre o que estas eleições podem representar enquanto oportunidade para garantir na Presidência da República uma atitude vinculada com a Constituição da República Portuguesa», sublinhou, vincando ser esta uma oportunidade para «dar força e esperança a uma candidatura que confia no País, nos seus recursos e possibilidades», que «afirma a valorização do trabalho, das remunerações e dos salários como um factor de dinamização económica e de dignificação das condições de vida», que «apresenta a defesa e ampliação da produção nacional como elemento essencial para ampliar a riqueza nacional, promover o emprego, reduzir a nossa dependência externa».
«Estamos aqui, como em muitos outros momentos, nesta luta comum que move os que sabem e conhecem por experiência vivida que avanço, progresso, justiça social ou direitos são tão mais possíveis e realizáveis quanto maior for a acção de todos e cada um», sustentou.
Marcas distintivas
Enumerados por Edgar Silva foram os nove vectores que são a marca de água da sua candidatura e lhe conferem um carácter distintivo. São eles:
1. Esta é a candidatura dos que não desistem de um Portugal desenvolvido.
Esta é a candidatura dos que não se resignam a que Portugal seja um País empobrecido, de quem não se conforma com um País marcado por níveis dramáticos de desemprego e de pobreza, de gritantes e crescentes desigualdades sociais, de negação a milhões de Portugueses de condições de vida dignas.
Esta é a candidatura de quem em tudo quer contribuir para que Portugal não continue a ser um País empobrecido, injusto, atrasado e dependente.
2. Esta é a candidatura de quem nunca desistiu, nem desistirá de um Portugal livre e capaz de salvaguardar os seus interesses e os seus direitos, desde logo, o direito do seu Povo a ser dono da sua História e decisor das suas opções de desenvolvimento.
Portugal tem recursos naturais, uma situação geográfica, uma História, condições naturais e de clima, e muitas outras potencialidades para se desenvolver e de se afirmar no plano internacional.
Portugal tem como seu maior bem o seu Povo, com uma cultura quase milenar, com saberes acumulados e com uma vasta experiência histórica.
É esse fundado conhecimento que faz com que esta candidatura se distinga pela defesa intransigente dos interesses nacionais, pela defesa da produção nacional e valorização dos sectores produtivos, pela aposta no aproveitamento da riqueza e recursos nacionais, pela inversão e eliminação dos défices estruturais, sejam os défices alimentar ou tecnológico, seja o energético ou logístico.
3. Esta é a candidatura dos que não se conformam com a alienação crescente de parcelas decisivas da soberania nacional.
Esta é a candidatura que não aceita ver esvaírem-se os recursos e a riqueza nacionais consumidos numa dívida insustentável que compromete o futuro de Portugal, nega a satisfação de direitos sociais, impede a dinamização e o crescimento económicos.
A candidatura que denuncia a subordinação dos interesses do País à voragem do capital financeiro com a infindável entrega de milhares de milhões de euros de dinheiro de todos nós para tapar fraudes e desmandos da banca.
É tempo de assegurar na Presidência da República uma voz portuguesa que coloque os interesses de Portugal e do povo português à frente dos interesses dos mercados, das agências de rating ou do euro.
4. Esta é a única candidatura que coloca os direitos dos trabalhadores como vector essencial de um Portugal soberano, que afirma a valorização do trabalho como condição estratégica de desenvolvimento, que se bate pelo trabalho com direitos e que garantirá na função de Presidente da República o respeito integral do que a Constituição consagra em matéria laboral.
A candidatura que intervirá activamente com o uso de todas as prerrogativas e poderes atribuídos, para combater a precariedade e a desregulação dos horários que desestabilizam a vida de centenas de milhares de trabalhadores, em particular dos mais jovens, para promover o direito constitucional à contratação e a greve, para defender a elevação dos salários e uma justa distribuição do rendimento e riqueza geradas.
5. Esta é a candidatura da justiça social, que toma partido, que está com todos quantos são homens e mulheres com fome e sede de justiça, dos que não se limitam à verificação da pobreza e das desigualdades sociais e territoriais, antes exigem e requerem um agir fundo nas causas e verdadeiras razões das injustiças sociais.
6. Esta é a candidatura daqueles que sabem que o futuro pertence à Democracia, daqueles que não desistem de querer mais e melhor Democracia e da edificação em Portugal de uma Democracia avançada, no reconhecimento das suas múltiplas vertentes, cultural, política, económica e social. O futuro pertence à Democracia!
7. Esta é a candidatura dos que querem edificar uma Europa outra, a Europa das ideias e culturas multiformes, da Europa laica e da laicidade do Estado, da secularização, da tolerância, da pluralidade, da busca das mais amplas liberdades e da exigente edificação de uma avançada vivência democrática.
Esta é a candidatura dos que se batem por uma Europa social e de coesão, de solidariedade e desenvolvimento sustentado com mais emprego e mais direitos dos trabalhadores e cidadãos, uma Europa aberta ao mundo e de paz, uma Europa solidária e exemplar nas relações com países terceiros de menor desenvolvimento.
8. Esta é a candidatura que defende um novo desempenho e responsabilidade de Portugal no mundo, na edificação de uma cultura da Paz.
Não temos uma visão de um Portugal fechado ao mundo. Bem pelo contrário. Vemo-lo sim como actor e promotor de uma política baseada na cooperação entre estados e povos, na paz, no desarmamento e desanuviamento.
9. Esta é a candidatura que transporta como nenhuma outra esse duplo objectivo de ser simultaneamente a garante maior do respeito pela Constituição e da afirmação de Portugal enquanto nação soberana e o contributo mais sólido e coerente para confirmar a derrota de PSD e CDS e do seu candidato nestas eleições.
Nada pode obrigar Portugal a aceitar a posição de Estado subalterno no quadro da União Europeia. Nada pode obrigar Portugal a submeter-se a ditames militares e estratégicos subordinados aos interesses da NATO, da UE e dos interesses imperialistas dos EUA.